sexta-feira, 29 de maio de 2009



Regresso

Perguntaste a mim,
que meus pés molhava
neste mar sem fim,
para que eu olhava...

Eu, ah, olhava ao longe
sem pensar em nada,
imitando um monge
de vista ilibada

(Que descanso imenso
mora onde eu não penso)
Só fui retornar

porque me chamaste,
e ao que perguntaste,
respondi: "pro mar"

Valquíria Gesqui Malagoli
in Testamento

segunda-feira, 18 de maio de 2009



Arrumação

Josefina sai cá fora e vem vê
Olha os forro ramiado vai chuvê
Vai trimina riduzi toda criação
Das bandas de lá do ri gavião
Chiquera pra cá já ronca o truvão
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo planta feijão no pó
Mãe purdença inda num cuieu o ai
O ai roxo dessa lavora tardã
Diligença pega panicum balai
Vai cum tua irmã, vai num pulo só
Vai cuiê o ai, o ai da tua avó

Lua nova sussarana vai passá
Sêda branca, na passada ela levô
Ponta d´unha, lua fina risca o céu
A onça prisunha, a cara de réu
O pai do chiquêro a gata comeu
Foi um trovejo c´ua zagaia só
Foi tanto sangue que dá dó

Os cigano já subiro bêra ri
É só danos, todo ano nunca vi
Paciênca, já num guento as pirsiguição
Já só caco véi nesse meu sertão
Tudo que juntei foi só pra ladrão

Elomar