terça-feira, 28 de abril de 2009



É noite outra vez

É noite outra vez.
Há pouco era dia,
E isso è revelia
Do que o homem fez,
Tudo se repete
E ao fim nos remete.

Quem sabe, afinal,
Dentre todos nós
O que é o bem ou o mal;
Ou se o fim é atroz?
Dando à vida adeus
Vê-se luz... ou breus?!

Valquíria G. Malagoli

in Testamento

sexta-feira, 24 de abril de 2009



¿Quién muere?

Muere lentamente quien se transforma en esclavo del hábito,
repitiendo todos los días los mismos trayectos,
quien no cambia de marca,
no arriesga vestir un color nuevo
y no le habla a quien no conoce.
Muere lentamente quien hace de la televisión su gurú.
Muere lentamente quien evita una pasión,
quien prefiere el negro sobre blanco
y los puntos sobre las "íes" a un remolino de emociones,
justamente las que rescatan el brillo de los ojos,sonrisas de los
bostezos, corazones a los tropiezos y sentimientos.
Muere lentamente quien no voltea la mesa cuando está infeliz en el
trabajo,
quien no arriesga lo cierto por lo incierto para ir detrás de un sueño,
quien no se permite por lo menos una vez en la vida,
huir de los consejos sensatos.
Muere lentamente quien no viaja, quien no lee, quien no oye música,
quien no encuentra gracia en si mismo.
Muere lentamente quien destruye su amor propio, quien no se deja
ayudar.
Muere lentamente, quien pasa los días
quejándose de su mala suerte o de la lluvia incesante.
Muere lentamente, quien abandona un proyecto antes de iniciarlo,
no preguntando de un asunto que desconoce
o no respondiendo cuando le indagan sobre algo que sabe.
Evitemos la muerte en suaves cuotas, recordando siempre que estar vivo
exige un esfuerzo mucho mayor que el simple hecho de respirar.
Solamente la ardiente paciencia hará
que conquistemos una espléndida felicidad.

Pablo Neruda

terça-feira, 14 de abril de 2009



Um dia voarão os filhos dos homens, disse padre Bartolomeu (...) quantas vontades recolhestes hoje Blimunda? Não menos de trinta, respondeu. É pouco, e as mais são de homem ou de mulher? As mais são de homem, parece que as vontades de mulher resistem a separar-se do corpo... por que será? (...) E tu, Blimunda, lembra-te de que são precisas pelo menos duas mil vontades, duas mil vontades que tiverem querido soltar-se por as não merecerem as almas, ou os corpos por as não merecerem, com essas trinta que aí tens não se levantaria o cavalo Pégaso apesar de ter asas. Pensem como é grande a terra que pisamos, ela puxa os corpos para baixo, e sendo o sol tão maior como é, mesmo assim não leva a terra para si, ora, para que nós voemos na atmosfera serão precisas as forças concertadas do sol, do âmbar, dos imanes e das vontades, mas as vontades são, de tudo, o mais importante, sem elas não nos deixaria subir a terra (...)

José Saramago

in Memorial do Convento

sexta-feira, 3 de abril de 2009



"Que aconteceu em Nahr El Bared? Não, não foi um tsunami. Nem mesmo um tremor de terra de grau 8. Foi simplesmente uma guerra de grau 10.
Nahr El Bared era o principal campo de refugiados palestinianos do Norte do Líbano. Era. Porque os combates que, entre Junho e Outubro, opuseram o exército libanês ao grupo salafita Fatah Al Islam, tudo varreram.
Antes da entrada no campo, e situado à direita da estrada, nasceu entretanto um novo bairro. É o primeiro do retorno.
Cinco mil e quinhentas famílias foram expulsas das suas casas pelos combates. Abandonaram tudo para sobreviverem. Foram para outros campos de refugiados, já de si saturados. A maioria ainda hoje aí vive, dormindo em armazéns e salas de escolas sem as menores condições.
Este bairro é apenas um recomeço. Para as primeiras 150 famílias que decidiram regressar. As casas são da responsabilidade da Agência das Nações Unidas para os refugiados (UNHRWA). Cada família até seis pessoas tem direito a 8 metros quadrados; e a um telhado de zinco que pinga humidade para o interior da habitação como se fosse chuva, porque alguém decidiu que não teriam inclinação."

Miguel Portas in http://www.miguelportas.net/blog/?p=337