quarta-feira, 30 de dezembro de 2009



Cosme Damião,
Damião cadê Doum?
Doum foi passear,
no cavalo de Ogum!

(Ponto de Umbanda)

e viva a Ibejada!!!

Fotografia de Adenor Gondim

terça-feira, 29 de dezembro de 2009



Saci, moleque brasileiro

Num tempo muito antigo
Numa época diferente
A Terra partiu no meio
Separou tão de repente
A África e o Brasil
Viraram dois continentes
Devagar se afastando
Mais e mais dali pra frente

Um neguinho que brincava
Tão entretido não viu
Perdeu uma das pernas
Quando a rocha explodiu
Naquela grande rachadura
Ele quase que caiu
Viu a mãe África se afastando
E ficou aqui no Brasil

Tentando desesperado
Pro outro lado voltar
Quis virar um passarinho
E pelos ares a voar
A distância aumentou
Não conseguiu atravessar
Então foi se acostumando
E aqui resolveu ficar

Brincava com os índios
Que habitavam aqui
Fazendo peraltice
Bulindo aqui e ali
Escondendo todas as coisas
Somente pra se divertir
Os índios, indignados,
O chamaram de Saci

Até hoje sua morada
É no grande bambuzeiro
Trança a crina dos cavalos
Gira no vento o tempo inteiro
Muito esperto bom de bola
Brincalhão e muito arteiro
Acabou se transformando
No moleque brasileiro

Ditão Virgílio

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009



Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas, todos os reco-recos tocam
Atira-se, e — Ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é E-S-P-E-R-A-N-Ç-A!

Mário Quintana

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009



Alma de gato

Beira de fogo é bom
Lugar para tudo contar
Histórias de amedrontar
Se repara bem no ingá
No tonto jacarandá
Os seres vivos que há
Trinca-ferro alma de gato
Saci da mata tempera a viola
Os seres vivos que há
O homem não tem razão
D’a própria vida matar

Na trama da sapucaia
Macaco vai se enredar
O sapo vai coaxar
E a cobra se sibilar oi
Na hora do rompe-ferro
Previsto de assombração
O curumim adormece
O curupira, esse não ai

Beira de fogo é bom
Lugar para se acalentar
Lugar pra se acalentar
Os sonhos de se sonhar
Os sonhos de se sonhar...

Tavinho Moura