quinta-feira, 5 de março de 2009



Respire fundo. Esta é uma pálida amostra da vista do castelo em direcção a ocidente. É aqui que lhe conto esta história de encantar:

Pergunta-me pelo meu nome de família? É uma história bem curiosa. Como vê, o castelo é demasiadamente grande para os cruzados que o defendiam. Saladino, o chefe muçulmano, acabou por o tomar. E entre os sitiados quem não morreu foi feito prisioneiro. Sucede que nessa época – falamos do século XII – era hábito o resgate de prisioneiros. Os cavaleiros mais ricos depressa eram libertados. Mas houve dois que não tiveram como. Pediram então a Saladino autorização para irem até às suas terras, onde encontrariam as moedas que comprariam a liberdade. Assim se fez, mas a viagem foi um insucesso. Em França, os seus domínios tinham mudado de mãos, e os cavaleiros não encontraram maneira de saldar a dívida. Regressaram e apresentaram-se de novo a Saladino. Não se acredita, não é? Mas assim foi e o gesto impressionou o comandante muçulmano. Tanto ou tão pouco, que decidiu libertá-los contra a garantia de que o nome “Saladino” passaria a estar inscrito nas respectivas descendências para todo o sempre.Pergunta-me porque é que, sendo francesa, uso o apelido Saladin? Aí tem a resposta. A minha família cumpriu até hoje o contrato dos seus antepassados.

A história é verídica e está documentada. Foi-me contada, não pela própria, mas por quem a ouviu da sua boca, exactamente no lugar onde me encontro e onde estes extraordinários acontecimentos ocorreram há 800 anos.


Miguel Portas

in http://www.miguelportas.net/blog/?cat=18
(A imagem, também de sua autoria, é a vista do Castelo Jerusalém)

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